Não se fica indiferente ao olhar desta mulher. A expressão, marcada por um sofrimento imenso, carrega o peso do mundo, o mesmo mundo que para ela desabou no dia em que o filho desapareceu. Passaram 13 anos, e a dor, difícil de conceber, teima em não dar tréguas.Filomena, a mãe de Rui Pedro, recusa a palavra derrota. Acredita que o filho está vivo e que um dia voltará para junto de si. E é essa esperança que a faz erguer todos os dias. "Só quero o meu filho", desabafou durante o debate instrutório do processo que agora chega a tribunal. Implora por uma resposta e não tem dúvida que trocava uma possível condenação do suspeito de rapto pela descoberta da verdade.
O pesadelo começou em 4 de Março de 1998. Nesse dia, Filomena abraçou pela última vez Rui Pedro, então com 11 anos. Desde aí, a angústia tornou-se sua companheira. Mas nada lhe rouba a fé. Tem a certeza que é o ‘seu’ Rui aquele rapaz que aparece em fotografias divulgadas após uma operação internacional de combate à pedofilia e em Paris, num parque de diversões.
Meras suposições para as polícias, mas uma segura bóia de salvação à qual Filomena se agarra com todas as forças.
Não se consegue ficar indiferente ao olhar desta mulher.
